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Memórias Culturais Um espaço para guardar lembranças (nomes, fotos e outros) de pessoas e fatos em torno do Rio Juqueriquerê: Sr. Benicio, Dona Helena, Dona Maria Cristina, Sr. Antonio, Dona Amélia, Seu Ernesto ou Totó, Seu Pedro, Dona Irene, Dona Laura, Dona Izaura, Dona Miloca, Seu José Fumaça, Dona Caetana, Sr. Nilo, Sr.Maneco Pimenta, Dazil, Zé, Sr. Gari, Seu. Jaime, Dona Eurides, Leni, Dona Maria Feliciana, Tatá, Francisco, Dona Rosa, Seu. Dionisio, Marciana, Dona Enedina, Dona Caçula, Dazil, Siqueira, Seu Totonho, Jandira, Davina, Altamiro, Quenzinho, Brás Santana, Dalva, Dirce, Teca, Dora, Berenice, Dona Rosa, Lucia, Nilson, Bizoca, Daico, Naildo, Seu Policarpo, Dona Aparecida, Jaime, Lica, Benedita, Geninho, Pararaca, Toca, Laura Aguada, Zé e Eva Ferrari, Dona Pixinha, Benedita Souza, Lila, Ricardo, Edson (Quem Quem), Januário. Clarinda, Chico, Dalécio, Maura, Nair, Déda, Siqueira, Tonga,Nelson, Rubens, Nilva, Berenice, Sidério, Cida, Marinalda, Dito Paes, Dona Caçula, Neco, Raminho, Tereza, Cicero, Mirian, Baiano, Jânio, Eloar, Zé Bitelo, Aristeu (Pézinho), Dita Muda, Januário, Titio, Laércio, Inácio, Dado, Dona Ana, Jaco, Seu Jacinto, Rosalina, Florzinha, Seu Miguel, Têto, Yolanda, Janoário, Dona Chica, Quatro Libra, Dalécio, Erondina, Dona Davina, Lila, Janete, Seu Assis, Quenzinho, Mané Silva, Tiana, Dina, Seu Luis Batista, Neco,    

 

História do local na memória caiçara

 

            O local onde foi construída a Praça do Remo, hoje local da sede da Associação do Pescadores Artesanais da Zona Sul de Caraguatatuba, em um tempo de antigamente[1] era de propriedade do Sr. João Cabral, pai da Didinha e irmão da Totonha do Zé Negrinho. Essas são as referências que unem o lugar às pessoas e conseqüentemente à História. Posteriormente se tornou propriedade do Sr. Benedito Severino. Todos eram pescadores e caiçaras do bairro Porto Novo.

            A pesca, no rio Juqueriquerê, naquele período, era realizada com a puçácoca[2]. Esta era utilizada para a pesca da tainha. Os pescadores se reuniam no local onde hoje está localizado o Entreposto de Pesca Benício Ezequiel dos Santos no Porto Novo para saírem à pesca.

            Havia muito caúna ou cambuí (árvore de madeira forte e abundante no local). Havia uma roça de mandioca de Dona Maria Cristina. Esta era uma velha caiçara contadora de histórias.

            No mês de maio e junho os pescadores se reuniam, até final de julho, para a pesca da tainha e outras espécies, como a carapeva e robalo. No final do mês de julho eles encerravam a pesca devido ao período da desova da tainha. Este mesmo local era um porto “espraiado” (como uma pequena praia de água doce) onde ficavam as canoas dos pescadores locais.

            Era também uma área de manguezal fechada onde existiam muitas espécies de caranguejo, entre eles o guaiamu. Este coletado para ser vendido em Santos.

            Enfim, era um lugar de referência da cultura caiçara. Local de trânsito, pois por ali havia uma picada (caminho estreito) feita pelos moradores. Lugar de muitas histórias de seres reais e sobrenaturais. Muitas ”histórias de pescador” ajudaram a construir a cultura caiçara e povoaram o imaginário de mulheres e homens do lugar.

            Muitos remos singraram o rio Juqueriquerê rumo ao mar contribuindo para escrever muitas histórias caiçaras.

            Subjacente à “Praça do Remo” há muita História (Memória), há muita Cultura, há muita Vida.

            O remo não apenas como objeto utilizado por uma cultura, mas como símbolo de vidas vividas que ajudaram e ainda ajudam a construir uma rua, um bairro, uma cidade, um Estado e um País mais humano e especial.



[1] Referência a uma História que não é cronológica. Memória é História e Cultura.

[2] Tipo de uma rede semelhante à puçá para a pesca de camarão. Composto por duas varas grandes de mais ou menos 3m onde é amarrada a rede.

 

Biografia de Inácio Lemos

 

Inácio Lemos, pescador nascido em Japoatã, Sergipe, em 01 de agosto de 1932, filho de Maria José e Manoel de Andrezinho. Veio para Santos no litoral sul de São Paulo. Conheceu Amélia Ezequiel dos Santos, caiçara nascida em Caraguatatuba, mãe de cinco filhos e ele de dois filhos. Juntos vieram para Caraguatatuba após a catástrofe em 1968.

         Inácio, Amélia e os filhos viveram da pesca e da lavoura. Amélia se dedicava também ao artesanato com taboa, confeccionando esteiras.

          Inácio Lemos aposentou-se da pesca, vindo a falecer em 30 de julho de 2002, deixando filhos, netos e vários amigos.

         Conhecedor das dificuldades de ser pescador. Ele como todo bom pescador sabia da necessidade de conhecer o mar, conhecer o tempo, conhecer as marés.

           Ele se integrou à comunidade caiçara existente no bairro Porto Novo e se tornou, de certa forma, um caiçara também.

      Ele foi companheiro de pesca do SR. Benício Ezequiel dos Santos, grande pescador do bairro Porto Novo, do Sr. Siqueira e do Sr. Pedro, conhecido como Gare.

            Um homem ativo. Participou da Colônia dos Pescadores.

Wilson Paes

 

            Wilson Paes caiçara de Caraguatatuba especificamente do bairro Porto Novo, nasceu às margens do rio Juqueriquerê no dia 8 de janeiro de 1963. Nasceu das mãos da parteira D. Benedita Souza.

            Desde criança adora pescar e ir à mata. Pescava pitu com laço de capim ou com a mão, armava as armadilhas para pegar lagostas de água doce e pescava com vara no rio Juqueriquerê. Com 20 anos foi para o Sombrio (atrás da Ilhabela) aprender a costurar, a montar e visitar o cerco com os pescadores do local. Ficou por lá durante 6 meses.

            Pesca de rede, de linha. Gosta de pescar garoupa na pedra, no parcéu. Transmitiu sua herança cultural ao filho que hoje também vai pescar mar a dentro.

Sebastião de Paula

Senhor Sebastião, caiçara de Caraguatatuba tem 88 anos é um dos pescadores mais antigos de Caraguatatuba. Mora no bairro Massaguaçú. Ele possui uma pequena canoa a remo de madeira com a qual sai para pescar na praia da Cocanha praticamente todos os dias. Na volta da pescaria, puxa sua canoa com rolos de madeira até seu rancho que fica abaixo do morro na mesma praia. Costura sua rede e entralha. Curiosamente é um pescador que não gosta de peixe. Gosta de carne seca. Ainda jovem sua mãe morre e pede a ele para cuidar de seus irmãos (17 ao todo). Vai trabalhar em um sítio de banana em Santos. Na época da pesquisa ainda vendia os peixes que pescava.

Dazil Caetano

            Nasceu em Natividade da Serra/SP, mas desde pequenino veio morar em Caraguatatuba. Seu nome verdadeiro é Adazil Caetano. Sempre viveu da pesca. Gostava muito de andar na mata. Na mata se sentia mais seguro. Conhecia muito bem a mata onde hoje fica o parque Estadual, em Caraguatatuba. Morreu com 60 anos em 2002.

 

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